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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Morrer não doi" - Cazuza‏

Semana passada, enquanto eu circulava pela rua Mateus Leme (adoro dirigir camionetes altas, com celular, gps, e ligada em estação de notícias, parece que aquele é um tempo só meu, no meu canto, do meu jeito, com a liberdade sem fim de ter a cidade pra mim...) avistei uma velhinha, bem velhinha, caminhando com muita dificuldade e vagar, auxiliada por duas bengalas, uma para cada braço. Diante de inusitada ereção das raízes de árvore frondosa, posta a sua frente criando um morro de paralelepípetos, parou, e permaneceu ali, imóvel, por um tempo... Foi nesse instante que passei por ela e pude observar sua dificuldade. Desliguei o rádio para me concentrar na situação e resolvi retornar para auxiliá-la. Quando a alcancei, pude ver que ela fazia o mesmo movimento dificultoso da sua caminhada mas reduzido à mínima proporção de suas possibilidades, parecia até que ela não estava se movendo. Repentinamente se libertou do obstáculo quando me olhou a indagar-lhe se precisava de ajuda. Ela sorriu para mim, amistosamente e disse que eu poderia parar ali. Repondi que não queria estacionar mas se ela precisava de ajuda, ao que ela respondeu, claro minha filha pode entrar eu moro bem aqui... A fragilidade da velhinha me comoveu. A desproteção diante de sua bondade e disposição. Descobri naquele instante que não vivíamos no mesmo mundo, mas fiquei muito feliz de conhecer o dela. Enquanto me afastava ela permanecia ali, perante o portão, acenando e sorrindo, sempre sorrindo, diante daquela manhã de cores intensas e lindas de viver....

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