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domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Rio dos Curitibanos I

Não sou saudosista, vivo bem o presente, mas acho que o melhor do Rio ficou para trás. Era o tempo das melhores temporadas de inverno que um curitibano poderia sonhar. No mês de julho, em plenas férias escolares, trocávamos as geadas e os pinhões, por um céu azul inigualável, mate gelado e uma praia indescritível. Vivíamos num balneário restrito a Copacabana e Ipanema. O Manoel Carlos ainda não tinha se apaixonado pelo Leblon. Encontrávamos todos os curitibanos que estivessem em férias: ou na praia pela manhã, ou à tarde, tomando um sorvete na Chaika, em Ipanema. Se não for traída pela memória, sou capaz de referir quem sempre andava por lá: Luiz Gil de Leão, nas imediações do Copacabana Palace, Hermes Macedo e Milton Santoro, no posto 6. Na Julios de Castilhos, Liasi Camargo Duarte, em Ipanema: Agostinho Hauer, Francisco de Paula Soares, na divisa com o Leblon, o prédio da família Oliveira Franco, junto ao Jardim de Alá, Lenita Ferraz de Carvalho, Eduardo Mourão, Cecílio do Rego Almeida, os Munhoz da Rocha, a Cláudia Lupion e muita gente que conhecíamos, conversávamos, mas não me lembro dos nomes. O mais bacana mesmo era mergulhar nas pedras do Arpoador e nadar em direção ao Leblon. A água era verde, transparente. Acontece que o tempo virava, e de um dia para outro, quando antes parecia um lago, ondas imensas tomavam a praia. Mas aí, sem mergulhos, só na areia, pra sentir aquela umidade salgada, refrescante, depois da quebrada impiedosa das ondas. Nestes dias de mar agitado, às vezes, dava a impressão que as ondas iam nos apanhar na areia e levar-nos para dentro do mar revolto. Deliciosa emoção, que nunca mais vou esquecer.


O Rio dos Curitibanos II

Quando ouço novas notícias sobre a violência no Rio, fico triste, por ter certeza que vivi um tempo, que não voltará mais...

Quantos curitibanos tinham casas lá, pra viverem os melhores invernos do resto de suas vidas... Dá para imaginar trocar as geadas curitibanas por um clima ameno, o mês todo de praia, sol, bons restaurantes, lojas lindas e, ainda de quebra, saber, por primeiro, o quei ia acontecer nas novelas?
Antes do governo Brizola as calçadas da Nossa Senhora de Copacabana eram cheias de boas lojas, gente bem arrumada e um footing delicioso. A praia do diabo no Arpoador era um paraíso, uma praia exclusiva, pra quem chegasse até ali. Brizola ligou a zona norte a zona sul, com ônibus a cada cinco minutos, resultado: no domingo não tinha mais lugar na praia. Mesmo assim, o luar no Arpoador é inesquecível, como cantava Cazuza. No domingo, almoçávamos na Colombo de Copacabana, hoje está instalada dentro do Forte de Copacabana. Lembro-me do meu avô Edgard, o "Gagá", super elegante, com o rosto já moreno das caminhadas na praia. A confeitaria era no térreo e o restaurante ficava no piso superior, cujo acesso se dava escalando uma grande escada redonda, em mármore. Lá em cima, os garçons sempre de preto, com luvas brancas, passeavam ao som do piano de calda, sempre executado com classe e emoção. Era um tempo de luxo, de inocência, de boas risadas, de sorver a vida... À noite, era certa uma ida ao cinema ou teatro, onde víamos de perto os artistas da TV. Como é bom ter estas memórias para, fechar os olhos, e revivê-las outra vez....

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