Esse imediatismo da informação digital modifica nosso trato com a realidade. Se de um lado, banaliza aquilo que é importante, de outro, não deixa espaço para uma reflexão mais alongada, um texto mais complexo. Informações preciosas abandonam o destaque em horas, porque um tsunami de dados aguarda na caixa de entrada. Mas é possível a disposição de um click caminhar no tempo, nas artes, na história, percorrer o mundo em movimento quase imperceptível desse mágico ratinho viajante. De um mercado na Tailândia, uma missa na Igreja dos Passarinhos, de um mosteiro no Nepal, da noite de lua cheia na Ilha do Mel, ou de uma ressaca no Moquifo, aporto nas varandas do Country em tarde de céu azul infinito, frio, quando o Flamingo captaneado pela efusiva Laurinha Dalcanale escalava o Blindagem para tocar aos domingos até escurecer. Daquelas tardes inesquecíveis, pela rouquidão do Ivo Rodrigues sob testemunha, encontros, desencontros duradouros, nem tanto, mas inesquecíveis... A liderança positiva e amiga enviava nossas fotos para o Claudio Manoel da Costa do Estado do Paraná e para a revistinha do clube. Um sucesso. Um mundo próprio, emoção e felicidade. Click. Nunca fomos tão felizes. Foram aqueles os primeiros dias do resto das nossas vidas? Click. Jogo de volley na antiga quadra calorenta de zinco do Curitibano... Aprendo o que é uma equipe, o que é o esforço, o que é o sucesso e como ele é efêmero. Emoção indescritível das vantagens alternadas, lado a lado, em jogo que não chega ao fim. Garra, esforço e emoção. Click, ouço, à distância, as ondas do mar quebrando na praia, o rangido preguisoço da rede que embalo nos últimos instantes que me seguro acordada... para sorver só um pouquinho mais dessa deliciosa brisa salgada, click.
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