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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Cia Portátil faz “stand up drama” em seu retorno a Curitiba

Após temporada carioca, grupo curitibano apresenta “A Anta de Copacabana”, na Bicicletaria Cultural. Quem for de bike paga meia entrada

“A Anta de Copacabana” é o texto que a Cia. Portátil escolheu para sua volta a Curitiba, depois de anos mais concentrada em trabalhos no Rio de Janeiro. Para o reencontro, a companhia teatral escolheu o aconchego da Bicicletaria Cultural, que recebe o espetáculo de 12 a 28 de setembro, com apresentações às sextas-feiras, sábados e aos domingos, às 19h. Quem for de bike paga meia entrada.
A obra do dramaturgo Rafael Camargo expõe o trágico e o bizarro humano ao discorrer sobre a bela, mágica, e por vezes triste, passagem que se chama viver. O texto é conhecido, mas tem novidade no formato da montagem que experimenta os princípios do Teatro da Inação, uma pesquisa de linguagem que a Cia Portátil vem desenvolvendo e que ganha corpo neste trabalho, batizado pelo grupo de “stand up drama”.
A proposta é emprestar o “clima” do ‘stand up comedy’ - um ator sozinho no centro da cena com um microfone e um forte trabalho de iluminação -, para dar conta de um texto com uma pegada dramática, mas que não dispensa o humor com tempero mais ácido, o que traz novas tonalidades ao trabalho. Com a ‘luz na cara’ estará o ator Adriano Petermann, um dos fundadores da companhia, que segue à frente da Cia. Portátil junto com a atriz Stella Maris Moreira.
Petermann explica que tinha convites para teatros tradicionais e espaços maiores de Curitiba, mas encontrou no clima que envolve a Bicicletaria Cultural as propostas de vida que gostaria de apoiar. “Senti que ali é onde está o movimento que me interessa. Não quero me apresentar para ator, gostaria muito que um público variado tivesse contato com este trabalho”, diz. A peça, segue ele, fala da loucura que nós mesmos inventamos e que nos prendeu a uma realidade criada por nós. “E a Bicicletaria vai na contramão dessa loucura social consumista em que nos prendemos”.
“A Anta de Copacabana”, Tantã e o Guarda Noturno fazem parte de uma trilogia sobre a solidão, loucura, a existência e sua condição. “É uma espécie de divertimento sádico, um prazer humano que acha graça da própria ferida tentando, quem sabe, exorcizar estes fantasmas que rondam por toda a vida - e por toda a morte, talvez”, investiga Adriano Petermann. É um texto que fala sobre o surto. Como uma criança, a loucura quebra regras, convenções e revela a estúpida hipocrisia do cotidiano.
Obcecado pelo tão carismático bairro do Rio, Copacabana, aprisionado em sua existência, o morador do bairro vive num emaranhado de lembranças e divagações à espera de um sinal que o liberte. “Um tanto de filosofia, delírio, poesia e agressividade pontuam o discurso, permeando o universo assustador e mágico que é a loucura, a vida e a morte”, completa o ator, sobre o texto que estreou em 1999, passou por São Paulo e também foi destaque do FRINGE, no Festival de Curitiba de 2003 e no Festival de Inverno da UFPR em Antonina.
Entre as histórias interessantes que envolvem a produção, Petermann lembra o convite de ninguém menos que o ator, dramaturgo e cineasta Domingos de Oliveira. “Como ele não conseguiu ver a peça pediu que eu a montasse para ele e assim o fiz, na sala da casa dele”, conta. “Foi muito emocionante para mim, afinal ele conviveu, conheceu os personagens mostrados na peça. Ao final, emocionado disse que eu consegui levar Copacabana para dentro da sala dele”.

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